Essa foi uma homenagem pelos 60 anos do meu pai.
Não foi um ano comum
Não foi um ano comum
O de 1950,
Tanta coisa sucedeu
Nesses 360,
Progresso, sucesso e glória
Transformaram a história,
Mudando o rumo da venta.
Muito fato aconteceu
Não vai dar pra falar tudim,
As que ficaram marcadas
Vou relembrar aos pouquim,
Falando bem devagar
De uma prosa secular,
Contatando tintin por tintim.
Uma das primeiras coisas
Que chega na minha mente,
Foi a invenção da TV
Coisa mais inteligente,
Não sei como fizeram
Nem mesmo como puderam,
Encher uma caixa de gente.
Começou com a TV tupi
O inicio das transmissão,
Uma coisa impressionante
Foi ver a televisão,
Assisti com meus “zói”
Esses, que a terra roi,
Parecia coisa do Cão.
Senti o dedo da Peste,
Pois o que vi suceder
Foi Brasil perder a copa,
Sem nada poder fazer.
Chorava eu e mais pai,
Jurando nunca mais ver.
Mas também vi coisa boa
Filme de galã e donzela,
Nesse ano foi lançado
O filme da Cinderela,
Walt Disney caprichou
E até hoje nunca se falou,
De uma princesa mais bela.
Também pude assistir
Notícias da terra estrangeira,
Guerra Fria e na Coréia
Era tiro e muita pêia,
Até bomba nuclear
A Rússia mandou fabricar,
Ai é que briga foi feia.
A primeira fórmula 1
Também ocorreu em 50,
Um negócio fabuloso
Que até hoje se sustenta,
Uns carros tudo invocado
Uns pilotos muito educado,
Correndo virado um setenta.
Nessa 1° corrida
Quem sagrou-se campeão,
Foi o argentino Fangio
Virado feito peão,
Passou todos os motorista
Deixando o rastro na pista,
Levantando a poeira do chão.
Além desses acontecimentos
Teve umas “experiêncas”,
Eu, um pobre matuto
Só conheço duas doenças,
Passamento e gastura
Coisa que já tem cura,
Escuto uma nova ciência.
Descobriram o DNA
Não sei a finalidade;
Procurei no “mei” dos mato
Nas farmácias da cidade,
Só sei que esses doutor
Inventaram esse lambedor,
E viraram autoridade.
O ano de 1950
Foi mesmo bem diferente,
Mas nada se comparou
Ao que falo daqui pra frente,
Começo então a história
De uma pessoa notória,
Que Deus escolheu pra gente.
Da boca de Frei Damião
Outro filho foi anunciado,
Pra D. Maria e Sr. Zé
Que não tinham planejado,
Pois depois de seis meninos
Nascia um pequenino,
Que já vinha abençoado.
Foi no 16 de outubro
Do ano que tenho dito,
Que nasceu um potiguar
Nas terras de Miguelito,
Ele mesmo diz recordar
Da sua mãe a gritar
“Valei-me São Benedito!”
Ele se lembra de um clarão
Tudo se alumiou,
Lembra da voz da parteira
Dizendo que terminou,
Depois um quentim duma rede
Logo uma fome, uma sede
E de repente mamou.
A mãe quando olhou pra ele
Resolveu chamar Manoel,
Mas passou a ser conhecido
Pelo nome de Nenel.
Depois o homem virou
Um importante doutor,
Desses de beca e anel.
Bem, antes de começar
A falar desse dentista,
Vou contar da sua infância
Quando usava cueca de lista,
Os cabelo de soldado,
Um cinturão arrochado,
Parecendo um Batista
Mané sempre foi assim
Um cabra sofisticado,
Pra todo canto que ia
Era fino e educado,
Afinal ele sabia
Que o armador de rede servia,
Pra ele ser pendurado.
Acompanhando seu pai
Nas visitas que fazia,
Adorava ouvir as historias
De guerra e tirania,
A que mais impressionou
Foi o zepelim voador,
E o mistério que ele trazia.
Na casa das comadre da mãe
Ia só pelos os agrado,
Bolacha de seta capa
Broa de fubá pilado,
Só o café não podia
Pois a mãe logo dizia,
“Fica rude, deixa ele entalado”
Foi ficando um rapazinho
A família então se mudou,
Foram para Fortaleza
Pros filhos virar doutor,
Venderam tudo que tinha
Do cartório as galinhas,
Não sobrou um armador.
Foi no bairro do Cocorote
Que resolveram morar,
Compraram um casa bonita
Os filho foram estudar,
Logo foram crescendo
E os maiores resolvendo,
Que era tempo de casar.
Mas Mané foi ficando,
Era o menor de idade,
Estudou nuns trinta colégio
Os melhores da cidade,
Pois os maior ensinamento
Que Sr Zé deu pro rebento
Foi o estudo e a honestidade.
Mané era cabra sabido
Aprendia tudo que lia,
Mas de tudo que estudava
Preferia geografia,
Virou logo professor
E um salário ganhou,
Do seu pai não dependia.
Logo aos 17 anos
Veio uma fatalidade,
Perdeu o pai e a mãe
Sofreu, chorou de verdade,
Mas sua determinação
E as benção de Frei Damião,
Aliviou a saudade.
Ele se pegou com os santos
Passou a rezar bastante,
Participou o cursilho
Tornou-se até ministrante,
Mas não se encabulava
E até macumba dançava,
De branco todo elegante.
Mas das histórias de Mané
Que eu tenho escutado,
A melhor foi a do Náutico
Um clube bem frequentado,
E veja o que se sucedeu
Quando ele resolveu,
Usar um calção emprestado.
Ele um graveto de jurema
Vestindo um maior manequim,
Resolveu pular na piscina
Do mais alto trampolim,
E no meio do clube lotado
O caba ficou pelado,
Pois o calção levou fim.
Outra história interessante
Que acabei de me lembrar,
Foi de uma namorada dele
Que morava no além-mar,
Que falava espanhol
E por debaixo dos lençol
Resolver lhe trocar.
Um dia Mané conversando
Com o seu melhor amigo,
Descobriu que o sujeito
Namorava escondido,
Quando viram que as carta
Era da mesma ingrata,
Os dois viraram bandido.
Juntaram todas as cartas
Botaram num só envelope,
Enviaram para maldita
Logo no primeiro malote,
Para ela aprender
A num mais escrever,
Esses tipo de trote.
Só sei que Mané entrou
Logo na faculdade,
Pra poder virar dentista
Passou por dificuldades,
Mas no final compensou
Pois foi lá que encontrou,
O seu amor de verdade.
Foi no meio de uma festa
Dessas de estudante,
Que avistou bem de longe
Uma mulher elegante,
Chamou logo pra dançar
Começaram a namorar,
Desse dia em diante.
Num se passaram seis “méis”
Decidiram noivar,
Uma moça igual aquela
Ele num ia encontrar,
E logo arrumaram os papel
E Edna e Manoel,
Passaram pro mesmo lar.
Foi na terra do meu Padim
Que decidiram viver,
Passaram por Senador
Mas resolveram escolher,
O Juazeiro do Norte
Terra boa e de sorte,
Para os meninos nascer.
De cinco, vingaram três
Sara, Saulo e Sally,
Mais educado que eles
Eu nunca vi por ali,
Viraram todos doutor
Dentistas e Procurador,
Mas sem esquecer dos pequi
Criaram uma menina
Filha de alma e coração,
Chegou toda arredia
Mas ganhou educação,
Virou gente nessa vida
E nunca será esquecida,
Pela sua devoção.
Mané adora política
Mas nunca se candidatou,
Se entrasse era garantido
Dois milhões de eleitor,
Mas ele num sabe roubar
Nem aguenta escutar,
Lorota de vereador.
Agora subir em palanque
Pra dar tchau e acenar,
Aplaudir, cantar, e sorrir
E o melhor que é discursar,
Isso ai ele adora
Fala inté 4 hora,
Sem tossir nem engasgar.
Mas outro dia meu povo
Numa dessas eleição,
Ele visitou dois comícios
E subiu em dois caminhão,
Sabendo que os dois era
Inimigos feito besta fera,
Dois partidos de oposição.
Me lembro ainda hoje
Como eu o conheci,
O melhor doutor do mundo
Desse eu nunca esqueci,
Meus dente obturou
Minha gengiva tratou,
Nem precisou destraí.
Mas a conversa vai longe
E me esqueci da mensagem,
Hoje é seu aniversário
E essa é uma homenagem,
Por tudo que ele é
Pelo exemplo de fé
De sucesso e de coragem.
Que Deus lhe traga saúde
Sossego, amor e paz,
Amigo, sucesso e dinheiro
Tudo isso e muito mais,
O resto a gente inventa
Por que depois dos 60,
Ninguém olha mais pra trás.
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