Casa de Taipa
Casinha de taipa
No meio do sertão
Perdida no nada
Brotada do chão
Nascida do barro
Feito um grande jarro
Igual a Adão
O seu espinhaço
É feito de bambu
Pau de carnaúba
Esqueleto nu
E vai sendo invadido
Moldado, esculpido
Pelo barro cru
Encalca e alisa
Pra bem sustentar
Espera que o vento
Ajude a secar
O sol vai queimando
E ele rezando
Pra ela não rachar
Um buraco é a porta
Um menor a janela
Dá as costa pro sol
Pro vento entrar nela
O chão bem batido
Palha e teto revestido
E a luz é uma vela
A sua arquitetura
Se chama Pobreza
O recurso que falta
Ganha da natureza
No silêncio solitário
Com as mãos e o rosário
Ergue sua fortaleza
Casinha de taipa
Não vai resistir
Mas o sertanejo
Não vai desistir
Se a chuva derrubar
Fartura vai chegar
É só reconstruir
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