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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PENSE NUMA SORTE NASCER EM JUAZEIRO DO NORTE

Nunca desejei tanto voltar. Juazeiro, estou chegando.


Nesse mundo de meu Deus
De tudo que conheci
Nas terras que já vivi
Um lugar melhor não há
O que o sul do Ceará
O meu Juazeiro do Norte
Terra de gente de sorte
Pois até santo tem lá.

Que saudade que eu tenho
De viver naquela terra
Naquele pezim de serra
Faz tempo que eu não vou
E pra você Seu leitor
Vou agora lhe contar
Como é esse lugar
Pra mostrar o seu valor.

Eu nunca vi um povo
Com tanta da devoção
Em padre Ciço Romão
O fundador da cidade
Que mesmo com tanta idade
Defendeu o Juazeiro
Do poder dos cangaceiro
Que matava por maldade.

Gente de todo nordeste
Chega lá nas romeiradas
Pagando promessa alcançada
Não  importa o sofrimento
De caminhão ou jumento
De bicicleta ou à pé
O importante é a fé
E cumprir o juramento.

E é uma grande festa
Na chegada dos romeiro
Movimenta o Juazeiro
Nas escolas é feriado
E pra ganhar um trocado
Os meninos cantam o bendito
Vendem vela, bolo e xilito
Quebra-queixo e milho assado

Esses meninos danados
Tocam a cigarra e se escondem
Passa trote e não respondem
Pula macaca, trancelim
Rouba as goiabas do vizinho
E só param de fazer mal
Quando vêem a doida Amaral
ou Pibiti de pertinho

Uma outra festa boa
É a grande vaquejada
O povo na arquibancada
Torcendo pro melhor peão
Que de noite no salão
Troca o gado por forró
Arruma um belo xodó
E arrasta pro caminhão

Tem outros divertimentos
Festa em clubes de lazer
Como a APUC e a AABB
Com seresta de João Dino
O treze é outro clube fino
Mas no cabaré de Noca
Os homens saem da toca
Deixando mulher e menino

Também tem um bom passeio
Nos vizinhos do Juazeiro
No Crato, o clube Granjeiro
De noite, a praça da Sé
Na Barbalha, quem puder
Carrega o pau da bandeira
E os engenhos da Bulandeira
Fornece o melhor "mé"

Outro tipo de lazer
É sai pra assistir
O Icasa e o Guarani
No estádio Romeirão
Rolete de cana na mão
Bagaço de laranja e espiga
Que é pra se tiver uma briga
O cabra ter munição

Ainda sinto o gostinho
Do baião de dois com pequi
Do doce de buriti
Sequilho com cajuína
Que bebia quando menina
Em dia de renovação
De festa ou de procissão
Ou em tia Joaquina

Vixe como era bom
Colar de côco catolé
Pão de côco com café
Caldo de cana e pastel
Batida, alfinim e mel
Uma galinha à cabidela
Que eu comia na panela
Isso pra mim era o céu

Tem coisa que só se vê
Lá mesmo no Juazeiro
Sindicato de carroçeiro
Os Borboleta Azul
Reisado com boi zebú
As lapinha de Belém
Pedindo só  um vintém
Feito o beato Salú

Lá o nome das ruas
Faz você pensar no céu
É S. Paulo, Sta Isabel
S. Pedro e Conceição
S. Rosa e Frei Damião
Do Rosário e do Cruzeiro
Só mesmo no Juazeiro
Que até rua é oração

Mas é a rua Pe. Cíço
De todas a principal
Do Salesiano ao terminal
Tem doutor, cabeleireiro
Tem arara em viveiro
Gritando feito gente
E o povo nos batente
Das calçadas do Juazeiro

Agora fizeram um Shopping
Todo granfino, alinhado
Mas prefiro o mercado
Onde compro Michelim
Estátua do meu padim
Chapéu de couro e de palha
Chicote, sela e cangalha
Pr'eu vender em Dom Quintim

Outra coisa interessante
É que o povo de lá é bonito
Mas é cada nome esquisito
Robiclayson e Laydiana
Jacicleyde e Kellyanna 
É tando do ipsilone
Até eu tenho no meu nome
Pareço uma americana

Naquela terra já deu
Artistas e compositor
Juiz e governador
Mas tem um que é mais falado
Dentro e fora do estado
Por ter resposta ligeira
Pra quem pergunta besteira
Sr. Lunga um caba invocado

A vida lá é tranquila
Acorda, o galo cantando
Passa o dia trabalhando
Vai em casa almoçar
Dá até pra cochilar
Depois do noticiário
Reza um terço e um rosário
De joelho em seu altar

Esse é meu Juazeiro
Que eu guardo nas lembranças
Do tempo que eu era criança
Que eu adoro recordar
Das coisas que vivi lá
Dos amigos que eu fiz
Os tempos que fui feliz
Que nunca mais vai voltar.



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