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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Diário de Bordo de Nova Iorque

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Essa viagem foi uma aventura só para mulheres. Pela primeira vez, viajamos eu, minha mãe e minha irmã. Agora conto os detalhes desses dez dias maravilhosos.


Era sábado de manhã
Acordei foi bem cedim,
Com os gritos dos cachorros
Ainda bem filhotim,
Me arrumei, tomei café
A viagem chegou, enfim.

Despedida no aeroporto
Cheio de beijo e emoção,
Eu e mãe lá embarcamos
Sara vai na contra-mão,
Mãe começa preocupada
- Abençoe esse avião!

Lá dentro do avião a
A fome já anuncia,
E chega um pão com patê
A fome não alivia,
Anunciam no microfone
Um doutor se carecia.

E lá vai mãe consultar
Uma idosa com gastrite,
Mas ela num é nem gastro
Se fosse uma priquitite,
E quem consulta a doutora
Que se queixa de cistite?

Pois logo ficou famosa
Todo mundo a cumprimentar, 
Agradecendo a ajuda
Por mais uma vida salvar,
Melhor se a Avianca
Desse um brinde pra voar.

E chegando em São Paulo
Mais espera, embromação,
Almoço treinando inglês
Café, zap e saguão,
Enquanto esperamos Sara
Escrevo mais um refrão.

E lá se vem a Neninha
Começa a gastar dinheiro,
Depois embarque, avião
Nós s'embora pro estrangeiro,
Da 1a classe passamos
Vamos lá pros derradeiros.

E o dia amanhece
Tamos em solo americano, 
Tudo meio atordoada
E ainda saímos ajudando,
Um mineiro desorientado
Que chegou e foi ficando.

Ônibus, tickets e metrô
Carregando as 3 malas,
Com fome procura o hotel
Inglês peleja e não fala,
Fomos logo bater perna
Comprar ao meno uma bala.

Café da manhã de rei
O sol forte e ardendo,
Um vento frio na cara
Só olhando o movimento,
Sentada na Time Square
Vendo o povo se batendo.

Mainha entra numa loja
Prova uns óculos e pendurou,
Quando tá na outra esquina
Se lembra que não pagou
Pensa logo "eu vou presa"
"A polícia me pegou".

Sara toda de pó 
A cara branca ficou,
Bota os óculos espelhado
Desses de aviador,
Pois não é que Michel Jackson
Ela agora encarnou.

Agora de volta ao hotel
Escrevo mais um tiquinho
Com os olhos quase fechando
Relaxo dois minutinhos
Mas não vou dormir em dólar
Saio já prum cafezinho.

Jantamos num restaurante
Eataly, sofisticado!
O prato era macarrão
Com camarão recheado,
Um vinho branco fresquinho
O sono vai ser ferroado.

Acordei foi bem cedinho
Para dar uma carreira
O Central Park verdinho
Me deu quase uma rasteira,
Me perdi pelo caminho
Melhor correr na esteira.

O dia batendo perna
Comprando tudo que via
E quando chegava o oco
Comia o que aparecia,
Grego, chinês ou Thai
spice não descia.

De noite bate o cansaço
No juízo uma agonia,
Na madrugada a dentro
O terral aparecia,
Um calor pegando fogo
Eu logo me descobria.

E o musical famoso
na Brodway anunciado,
CHICAGO, dança e canção
Fiquei um pouco frustado
Tudo preto sem emoção
Só quenga e abaitolado.

Agora comemos bem 
No Bubba um camarão,
Recheado com caranguejo
Arroz e um taco de pão,
A cerveja desceu gelada
Adormecendo as mãos.

Mas pense num medo grande
Foi a gente no metrô,
Entramos eu e Neninha
E mãe de fora ficou,
Bateu logo o desespero
Quando o trem apitou.

Descemos na outra estação
Começamos a rezar,
Esperando que mãe viesse
No outro que ia chegar,
E nada dela descer
- Vou voltar e procurar.

Quando olho mais na frente
Vejo mãe toda contente,
Conheceu uma senhora
Que a colocou na frente,
Conseguiu achar o caminho
E encontrar com a gente.

Museus , prédios e lojas
EStátua de liberdade,
Fizemos tudo num dia
Batemos toda cidade,
Alisamos até cunhão
Do touro da prosperidade.

Brasileiro tinha os montes
E de todo canto do mundo,
Doido, cabeludo e feio
Tinha um a cada segundo,
Eita povo esquisito, 
Misturado e tudo junto.

Mãe tenta falar inglês
Só sai um bom portunhol
E se falar enrolado?
Feito americanol?
Será que alguém entende?
Ou responde um "I'm sorry"

Ainda fomos num roothtop
Que um amigo indicara,
Não é que o segurança
Pediu documento de Sara
Achando que era uma teen
Olhando pra sua cara.

Ela toda contente
Não segurou alegria,
Mas é mesmo sem noção
Ou algo em troca queria,
Uma gorjeta gordinha
Só sonhando ganharia.

Foi tanta coisa bonita
Que eu vi nesse lugar,
Umas praças bem florida
Carruagem pra alugar,
Os prédios arranhando o céu
Furando as nuvens no ar.

Agora volto pra casa
Saudade dos meus meninos,
Vão ficar tão animados
Com os presentes tão finos,
Meu marido me esperando
Juazeiro é meu destino.

Viajar com mãe e Nena
Foi bom, mas eu me ferrei
Uma sênior e outra gestante
Tudo eu que carreguei
Pegava todas as filas
Mas mesmo assim eu amei.

Termino essa aventura
Querendo um dia voltar,
Com meu marido e meninos
Para eles aproveitar,
Essa terra tão bacana
Certeza que vão amar.






sábado, 7 de novembro de 2015

A outra história de Sansão

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Essa história aconteceu com o meu compadre Drayton, quando fazia sua residência médica na França.


Sei que você já ouviu
A história de Sansão,
Aquele que tinha força
Que matava até leão,
Que cortaram os cabelos
E morreu duma traição.

Agora o que não sabe
É do Sansão garimpeiro,
Nordestino do Maranhão
Saiu garimpando faceiro,
E de repente acorda
Nas bandas do estrangeiro.

Na época eu estudava
Na cidade de Paris,
Pode até parecer chique
Mas escapei por um triz,
O ganho era bem pouquim
Mas lá também fui feliz.

Eu era doutor de cabeça
Trabalhava num hospital,
Cuidando do convalescido
Do povo passando mal,
Era um morre e num morre
E eu buscando um sinal.

Um dia então gritaram
-Chama o doutor brasileiro!
Tinha chegado um senhor
Que falava estrangeiro,
Ninguém entendia nada
Que dizia o forasteiro.

Então cheguei bem pertim
Ele ainda atordoado,
Perguntou se ali era o céu
Se tinha a língua embolado,
Batido a cacholeta
Ou as canela esticado.

Eu disse: – Se acalme amigo
Você está bem vivinho
Aqui é Paris da França
DA torre Eiffel, dos vinhos
Nós vamos cuidar de você
Ficará bem zeradinho.

E eu já sem aguentar
De tanta curiosidade,
Como é que esse cristão
Veio parar nessa cidade,
Quem trouxe essa criatura
Quero saber a verdade.

Então ele começou
A explicar sua história,
-Seu doutor eu sou Sansão
Vou contar minha trajetória,
Sai garimpando no Pará
Buscando ouro e glória.

Passei mais de 30 dias
Sozinho no meio da mata,
Dormia ao longo do rio
Tomava banho em cascata,
Mas bateu uma franqueza
E desfaleci feito pata.

Não deu tempo eu gritar
Nem fazer uma oração,
Puxei o ultimo ar
Bem do fundo do pulmão,
E acordei aqui
Bem longe do Maranhão.

Agora quem foi que me trouxe?
Quem pôde me socorrer?
Disso eu não faço ideia
Queria  agradecer,
Também porque estou aqui?
Isso eu queria entender.

Fui então ao prontuário
Buscar mais informação,
Pra poder esclarecer
Essa história a Sansão,
E fiquei impressionado
Com a sorte do cidadão.

Sansão chegou na Guiana
Depois de atravessar o Pará
Caiu nas terras Francesas
Não tinha quem cuidasse lá,
Botaram num avião
Pra vir aqui se operar.

Então depois de explicar,
Sansão com muita emoção,
Pediu para eu ligar
Pra família no Maranhão,
Avisando que estava vivo
Que não dessem a extrema unção.

Então falei com a esposa
Que chorava e soluçava,
Tinha dado como morto
Mas agora sossegada,
Perguntou por Sansão filho
Se também comigo estava.

Sinto muito, mas Sansão filho
Eu não posso responder,
Sr. Sansão está muito bem
A Deus pode agradecer,
Pois outro milagre desse
Vai ser difícil de ver.